Pensamento...

A vida é uma janela que se abre no sem fim do Tempo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A longevidade do carvalho


Aquela estante velhinha
De que tantas vezes me valho
Não é feita de Pau preto
Mas de madeira de carvalho

A mesa da nossa sala
Onde de petiscos me engalho
Não é de pinheiro manso
Mas de madeira de carvalho


O nosso escano velhinho
Onde às vezes ferro o galho
É feito de madeira, sim
Mas madeira de carvalho


As traves da nossa casa
Ali presas como um malho
Não há tempo que as derrube
São de madeira de carvalho

O pipo da jeropiga
Onde eu às vezes me encalho
Não nasceu de um limoeiro
Mas de madeira de carvalho

A própria cama de pau
Onde às vezes eu (trabalho)
Não é filha de um cipreste
Mas de madeira de carvalho


O próprio poeta pedante
De cheiro constante a alho
Apesar de insinuante
De postura assaz galante
Não é feito de qualquer droga
Tão pouco de madeira de carvalho

sábado, 23 de julho de 2011

ENCONTRO NA NOITE ESCURA

Escondido por trás da noite
Onde o vento se acoite
Longe do sol nascer

Estrelado  estava o céu
Que a noite era de breu
Olhos não tinha para ver

Mas a noite me fascina
E não sei se é por sina
Tenho que a encarar

É nela que os meus intentos
Vitorias ou desalentos
Deveras vou confrontar

O que tinha dentro de mim
Aconselhava-me sim
A discreto ser no agir

Que o amor em mim arfava
Era força que animava
Intento que me movia

Procurei na noite escura
Esgotei-me até à secura
Já que na noite não via

Confiei na intuição
Em súplica pedi a mão
A quem me pudesse ajudar

Um anjo caído do céu
Retirando à noite o breu
Ofertou-me mulher amante

Reconquistado o amor
Colhi a mais bela flor
E num beijo lha ofertei

Ganhador me senti ser
Por ver que voltava a ver
A mulher que tanto amei

Antonius



quinta-feira, 7 de julho de 2011

RECORDAR ISTAMBUL




Guardar-te-ei para sempre na retina
Cidade que és três vezes cidade
Ante tua grandeza, oh Istambul
Deteve-se o tempo
Que em aparente, absurdo advento
Impotente se mostrou em deter-te o passo.

Tu Istambul três vezes cidade
Memória guardas de Bizâncio e Constantino
Do remoto burgo guardas a saudade
Aos guardas do império empolgada cantas
As glorias e feitos em inspirado hino.

Em cálida noite de Junho me enfeitiçaste
Sob a luz de lua cheia esplendorosa
Portentosa aos olhos do homem te mostraste
Cidade meeira de três impérios
Que fronteira de dois mundos te tornaste.

Das tuas Mesquitas e Minaretes
Enternecedores cânticos chegam até mim
Em ressonâncias de lírica  oração
Neles te sinto o palpitar da alma
Inebriando-me o idílico do silêncio
Nas estrelas reflectindo a tua história.

Sinto-me abraçar-te oh Istambul
Nas entranhas de incontida emoção.

Antonius





DESNORTE


Nos céus deste Lusitano rincão

Pairam nuvens negras, cúmulos cerrados

A prenunciarem inclemente borrasca

Sendo ainda dia faz-se noite

Que o sol, esse fazedor de vida

Qual guardião dos dias de sempre

Parece prometer ao homem

Vergastada solene, merecido açoite.

Nos céus deste rincão velhinho

Parece ter o homem perdido o norte

Incapaz de seguir o seu destino

Feito um tornado em desatino

Reclama de outros a sua sorte.

Num passado glorioso fundeada a ancora

Rumou para a frente sempre altaneiro

Não consintamos nós, filhos deste tempo

Que espúria rajada de inusitados ventos

Leve a pique o sonho do Infante marinheiro

Antonius