quinta-feira, 28 de junho de 2012
O ESPIRITO VISIONÁRIO DO QUELHAS
Ah Mundo, Mundo! – Como dizia o Quelhas, vão lá já alguns oitenta anos, do alto do penhasco onde assentava a sua pobre e frágil casa, mas que borrasca alguma logrou derrubar, pelo menos de que a vizinhança mais avançada na idade guarde na memória.
Ninguém pode saber que espírito morava por detrás das palavras do Quelhas, mas de certo os mais argutos, aqueles que são verdadeiros filósofos apesar de não saberem ler, são capazes de interpretar. Nestes havia um entendimento de que era uma forma de queixume, de desalento ou mesmo de revolta em relação a este mundo que ele – o Quelhas – e os seus contemporâneos conheciam. Era todo um mundo de injustiça, de exploração, mas sabe-se pelas entrelinhas que o Quelhas estava seguro de que não tardaria que outro mundo viesse feito de novos homens, justos, impolutos, sóbrios, a quem bastasse o indispensável., que governariam as nações com equidade, administrariam as empresas publicas e não publicas com sentido de justiça, que velariam sempre pelos mais desprotegidos.
Decorridos aqueles oitenta anos, a nós que calcorreamos os caminhos do século XXI, apraz-nos registar com uma euforia incontida a verdade que estava por detrás das palavras do Quelhas. Eram bem uma espécie de profecia de um homem simples mas sábio, porventura vidente. Efectivamente olhando em redor e até muitas vezes olhando para dentro de nós, como sentimos palpitarem as palavras daquele homem que já não tivemos a dita de conhecer! Num mundo justo como é este em que vivemos, feito na generalidade de homens impecáveis incapazes de «deitar» a mão aquilo que não é seu, de darem importância aquilo que chamam o vil metal, absolutos inimigos do alheio, impotentes para a mais pequena desonestidade no chamado «mundo do capital», temos boas razões para nos sentirmos orgulhosos de integrarmos as hordas do século XXI. Este século em que o homem foi capaz de se encontrar consigo mesmo, de ver no outro um irmão, de pressentir a PAZ Definitiva, que é filha do desendeusamento do dinheiro…
No que me diz respeito, ao tomar conhecimento de mais uma «derrapagem» (ou coisa equiparada) a envolver coisa como 100.000.000 (cem milhões de euros) fico deslumbrado e uma vez mais vibro com as remotas palavras do Quelhas.
Antonius
segunda-feira, 18 de junho de 2012
AS BALIZAS DO TEMPO
Se há coisa que me perturba é o tempo. A sobrepor-se-lhe, só o amor, esse fazedor de deslumbramentos e de êxtases. Mas por alguma razão a ideia do tempo me persegue e quase comigo convive. Umas vezes revolto-me contra ele, por nele ver o absurdo, a não resposta. Outras vezes sinto-me caminhar lado a lado com esse inimigo que, bem feitas as contas, paulatinamente me devora. Pensei já em fazer com ele as pazes, estabelecermos um protocolo que salvaguardasse o interesse de ambos. Mas se assim o pensei, logo me desiludi, porque o tempo não me deu tempo para o diálogo. Mal iniciado este, já o tempo ia lá longe indiferente á minha sonhada proposta. Desisti de dialogar com o tempo. De uma vez por todas me rendo ao seu ímpeto e prepotência. Limitar-me-ei entrementes a preenche-lo de maneira positiva e na medida em que ele o consinta. Sei que ele me domina e que estou por ele balizado. Não tenho mais do que aceitar essas incontornáveis balizas. Antonius
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