Pensamento...

A vida é uma janela que se abre no sem fim do Tempo.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

SAUDAÇÃO A UM AMIGO




Subir a alta montanha
É registo inscrito no teu caminhar.
Determinado, firme, seguro
Nele um passo mais acabas de dar
Sabemos árdua a caminhada
Que no horizonte sempre a cumeeira
Acreditamos que agreste e com escolhos
Mas nela os acordes de bela melodia
E de gole de cachaça a fantasia
Energizando o projectado sonho.
Quem assim caminha é um Homem
Porque transpõe a amargura
Porque agarra a alegria
Que os abrolhos e os frutos suculentos concilia
Porque a vida foi capaz de converter
Em estimulante sinfonia
Esse Homem foi às raízes da sabedoria.


Desta outra banda do Atlântico saudamos com o nosso abraço
O amigo, poeta e lídimo caminhante José Silveira
Sábio sorvedor do belo que a vida oferece

Antonius e Marília 

domingo, 18 de setembro de 2011

EM MEMÓRIA DE UM AMIGO





Se não fosse atentado ao bom senso
Daqueles que o conhecemos
Diríamos que o Quirino nos virou as costas
Ao deixar-nos nos caminhos desta vida
Mas a quem, saudoso colega
Na tua “avara” humanidade
Virarias tu algum dia as costas?

Nesta hora que nos agarra de surpresa
Perguntamo-nos ainda o que aconteceu.
Acontece que tu eras um colega especial
O amigo em quem podíamos confiar
O tesouro que habite a nossa alma

As horas de contacto humano foram muitas
Muitas as circunstâncias
Mas destacaríamos sobretudo
Aquelas em que o teu sentido de humor
Vinha à tona da água

Recentemente, num passeio aos Açores
Registamos palavras tuas
Que falaram do teu deslumbramento
Da espiritualidade que eras capaz de ver
No belo da natureza
Tão rica como na tua relação com os outros.

Nesta hora que é de sofrimento
Um mundo de palavras jorraria
Da boca de qualquer deste punhado de colegas
Que contigo tiveram a dita de privar

Mas para te honrarmos
Para exaltar as tuas qualidades humanas
Numa hora que é irrepetível
Não são precisas muitas palavras.

Dentro de nós fica o pensamento
Esse que tem asas e que voa
Um pensamento que nunca te esquece
Que nenhum Infinito detém
E que acreditamos aproximar-te
Da Entidade Criadora


Antonius

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

NO DIA EM QUE MORRI



Subitamente
O estrépito do roçar
Na funérea estrutura granítica
Faz-me retomar a consciência.
Regresso a mim
Por instantes saí da morte
E farejei a vida.
Tudo foi instantâneo
Não houve tempo
Para aquilatar
Da sede de regresso
Ou da expectativa
Do novo caminho encetado
- O da irreversível morte.
O ultimo instante
Foi mesmo a morte
Que mo anunciou.
Estou morto, sinto-me morto
Portanto do outro lado da vida
Pergunto-me o que vai ser de mim
O que foi dos que me precederam
Há mil, milhentos anos
O que vai ser dos que me sucedam
No futuro, se futuro existe.
Nesta terra que há pouco
E por razões muitas
Se me fez sofrer
Me embrenhou
Em suas delicias
Num encanto feito natureza,
O que vai fazer de mim
De todo esse mundo
Que para trás fica
Em que vai ele converter-se
Que desfecho o espera
Que resposta porventura
Lhe está prometida.
Será que a verde floresta
A montanha alterosa
As flores do jardim que anelei
O amor que fui capaz de dar
E aceitei receber
Estão traduzidos
Nesse futuro em que acreditei?
Foi o acaso que ditou esse futuro
Ou energia que me ultrapassa
E que pelos caminhos da morte
E apesar deles
É garantia de vida
De um amanhã que existe…
Se assim é
Não é patético
O roçar do meu caixão
Pela dureza granítica
Da minha sepultura,
Tão pouco o ruído
Que me acordara da morte.

Antonius