Pensamento...

A vida é uma janela que se abre no sem fim do Tempo.

domingo, 3 de abril de 2011

PENSAR É FOGO

Hoje surpreendi-me ao dar comigo a pensar. Pensei, pensei até à exaustão e de tal modo que às tantas senti necessidade de parar de pensar. Mas não foi fácil. Eu queria parar de pensar e não conseguia. Quanto mais me esforçava, menos conseguia, até que me cansei de me esforçar por parar de pensar. Por isso achei que o melhor era continuar a pensar, talvez pensar mais sinceramente, como diria o poeta.
Nesta hora em que penso (pelo andar da carruagem não sei bem se tenho horas em que não pense, vazias, brancas, será que há disso?), estou sentado num penedo que dá alguma imponência à eira da casa dos meus avós maternos. Depois de pensar e deixar de pensar, voltei a pensar mas agora muito sinceramente naquele penedo, no que terá sido a sua vida, quem o plantou ali e quando, há quanto tempo? Estou farto de ver este penedo e nele nos sentarmos, os da casa nas noites da grande lua, desfiando canções de me fazerem remontar ao tempo em que outras gentes, porventura do mesmo sangue entoavam amorosas canções de Amigo. Mas reflectir no seu nascimento, no tempo que ele tem, em quem o plantou e como, isso não, nisso nunca tinha pensado –ignorância minha.
Dizem que a terra no princípio era fogo. Será que este penedo algum dia foi fogo? Mas que pensamento louco! Louco não, lúcido é o que ele foi. A verdade é que acabo de fazer uma viajem fantástica ao tempo em que este penedo foi fogo! Mas tão importante como esse fogo, bem mais ainda, há-de ter sido o fogo humano que nele terá acontecido em noites de lua cheia como aquela outra, em que dois seres se deixaram devorar no fogo do amor, e quantas vezes por esse tempo que não tem fim este mesmo fogo terá incendiado corações.

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