Aquela estante velhinha
De que tantas vezes me valho
Não é feita de Pau preto
Mas de madeira de carvalho
A mesa da nossa sala
Onde de petiscos me engalho
Não é de pinheiro manso
Mas de madeira de carvalho
O nosso escano velhinho
Onde às vezes ferro o galho
É feito de madeira, sim
Mas madeira de carvalho
As traves da nossa casa
Ali presas como um malho
Não há tempo que as derrube
São de madeira de carvalho
O pipo da jeropiga
Onde eu às vezes me encalho
Não nasceu de um limoeiro
Mas de madeira de carvalho
A própria cama de pau
Onde às vezes eu (trabalho)
Não é filha de um cipreste
Mas de madeira de carvalho
O próprio poeta pedante
De cheiro constante a alho
Apesar de insinuante
De postura assaz galante
Não é feito de qualquer droga
Tão pouco de madeira de carvalho