domingo, 17 de novembro de 2013
QUERO
Quero. Obviamente que quero.
É que só querendo consigo
Só querendo alcanço o que persigo
O sonho que me vai na alma
O amor que me queima
As veras do desejo mais profundo.
Por isso querer
O querer lúcido, consciente
Só pode ser atributo
Desse ser inteligente
Que carrega a condição de Homem.
E porque essa condição exijo de mim
A cada instante a reclamo
E não há dia que a não vislumbre
Já que me não perdoaria
De a ela não corresponder
Consentindo em abdicar
Infantilmente abrir mãos
Do sagrado que me é proposto.
Só pois decididamente querendo
Sou capaz de mergulhar
No mais profundo de mim
E à raiz que me criou
Ir buscar aquilo que
De punhos cerrados Quero.
O TEMPO PERSEGUE-ME
Eu sou aquele que vem de longe
Perdido no deserto do tempo
Tempo que fez património seu.
Eu sou de mim o mistério sem medida
Labirinto de que não vejo fácil saída
Mas remédio de mim exigindo que seja
Sou filho da alvorada
De sonho sonhado na nascente daquele que sou
Do amor que desabrochou
No ventre da mãe que o trouxe à luz
Sou a força que leva em si
O pouco que me faz e me cerceia
Um nada que o não sendo, brota de um outro que o precede
Convertendo a minha fragilidade
Numa quase omnipotência
Quando ouso aventurar-me ao âmago do meu ser
Logo me pergunto quem sou
De onde venho e que destino me acena
Lá longe da banda de lá do deserto
De onde me chega o tanger dos sinos da eternidade
Eu e o tempo
Eu e o Tempo
Apeando-me do meu Alazão
Fiz um trato com o tempo
E na mesma hora pedi ao vento
Que seus ímpetos detivesse
Abrandasse o seu desatino
E da fúria muito sua
Boicotada a razão.
Domado o mau génio do vento
Retomei dialogo com o tempo
Que se mostrou implacável
Bem mais que o vento
Senhor das coisas se mostrando
Não deteve o passo
Que a vaidade e arrogância lho não consentiram
Na vaga promessa tão pouco.
Face à postura do tempo
Desisti do meu intento
E depondo as armas da minha razão
Retomei a minha montada
E cabisbaixo vencido
Despi-me dos meus pergaminhos
E prometi solenemente
Não mais ver a vitória
Na grandeza do Alazão.
Plenitude da Felicidade
Plenitude da Felicidade
Hoje tacteei a loucura abeirando-me das estrelas
Mas as estrelas são magma na sua expressão extrema
E magma que são, escaldante o seu calor.
Porque se extinguem no escuro da noite,
Numa ânsia quis ir além do sonho
E num instante que as palavras não traduzem
Toquei a minha estrela
Mas não logrando armar nela a minha tenda,
A tenda do meu sempre neste edénico sonhar
E numa rota da eterna busca das humanas compensações,
Confronto-me com o mais sensual rosto de mulher
Que emerge na noite que não tem luar
Ao enternecedor som da lira.
Mas visão tão inebriante
E um tal poder de fascinação
Que só de espiritual fonte poderia emanar.
Espiritualidade convertida
No mais subtil, concreto sentir humano
Sonho feito transfiguração
É o degrau que nesta noite se me oferece subir.
Foi mais que um sonho, porque foi o inatingível
Que comigo em oblação se cruzou.
No dia de hoje eu vivi.
Á minha natureza foi dada a chance de me transpor
Sentindo que agarrei da vida o inexcedível.
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