Uma luz bruxuleante se vislumbra
Quando a noite a cidade emoldura
Quando a poente não há mais que penumbra
E do dia réstia de luz não perdura
Intrigante se faz essa luz inquieta
Como se soprada por brisa amena
Ao vê-la a multidão se aquieta
Que estranho prenuncio lhe acena
Olhares se cruzam na escuridão
No silêncio expressando seus temores
Como pressentindo indómito furacão
Aos céus imploram divinais favores
Estranha aquela luz inusitada
Nunca antes daquela cor se vira
Todos se perguntam qual é a estrada
Que semelhante luz terá por mira
Corruptos sabemos eles sobejam
De oiro e prata cheios os alçapões
A riqueza todos a almejam
Mas que ninguém os chame de ladrões
De repente um grito lancinante
Faz-se ouvir da densa multidão
Como quem se revê, desconcertante
Num sentir profundo de emoção
De Diógenes se trata oh gentes
Atentem nas feições e na lanterna
Aquela luz acorda as sábias mentes
Que conheceram a vida da caverna
Endeusado se fez o homem novo
Subida que foi a montanha da arrogância
O homem de hoje não quer ser povo
Acendeu-se-lhe na mente a petulância
A lanterna é de Diógenes oh gentes
Que homem não vira em suas andanças
Humanos pigmeus de débeis mentes
Bem menos sábios e bem mais dementes
Dispostos como outrora a vis matanças.
LuciusAntonius
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