Pensamento...

A vida é uma janela que se abre no sem fim do Tempo.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pelos Caminhos da Música




PELOS CAMINHOS DA MÚSICA




Ir ao passado é imperativo da minha natureza. Não tenho culpa de ser assim. Parece que pensar ou sentir deste modo não está muito nos conformes do pensamento moderno que às vezes dá mostras de ter ganas de abdicar do passado, por já não interessar. Afinal de contas é passado. Bem ou mal está vivido e está para trás. Interessa é o que está para a frente, o que há-de vir.

Ao ver-me nesta linha de pensamento, não raro recordo uma pessoa que em princípio para todos nós foi preciosa. Refiro-me à minha mãe. Às palavras que muitas vezes dela ouvi, mas referindo-me nesta nota às que tinham que ver com o seu próprio passado, as suas vivências, o conhecimento que guardava daqueles que a precederam. Acho que lhe devo um certo encantamento por aquilo que de positivo já lá vai longe e que para mim tem o valor do alicerce de uma construção que se quer sólida. Ao mesmo tempo devo-lhe um tipo de sensibilidade que considero inestimável, que é a paixão pela música. Subtilmente transmitiu-me essa mensagem que não tem preço. E é na música que reside o inestimável instante que hoje me permito visitar, exclusivamente. Reduz-se a breves palavras: estava eu uma noite de verão na praça central da minha terra a aguardar um concerto pela Banda local. Estava com um colega, leigo como eu em música, mas ambos solicitados no nosso intimo para ouvir os acordes da nossa Banda. A peça com que iniciam o concerto mexe com os cordelinhos da minha sensibilidade musical e como se alguém perto de mim pressentisse esse meu sentir, um amigo um tanto mais

Velho e mais sabedor abeira-se de mim e diz-me: isto chama-se «CAPRICHO ÁRABE». Bebi aquela peça musical como se de um cálice de vinho do Porto (que eu adorava) se tratasse. Esta melodia teve inclusivamente o condão de me transportar ao mundo Árabe, imaginar Teerão e outras cidades Orientais que habitavam o meu imaginário. Nunca mais esqueci «CAPRICHO ÁRABE» e acho que descobri nessa noite de arte o meu fascínio pelo mundo oriental, que ainda hoje me persegue. Este um mero episódio mas que como dei a entender já, atribuo em grande parte a um tipo de sensibilidade que recolhi da minha mãe, cuja memória neste momento venero.



Antonius

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