Eu vivo porque penso, porque vejo, porque amo
Eu vivo porque sinto, porque escuto, porque temo
Porque tudo isso acontece, de tudo isso faço uma prece
Assim estou seguro de que existo
Eu carrego dúvidas mil
Perguntas eu pergunto tantas
Às vezes penso-me senil
Escutando longes mantras
Às vezes pergunto-me até quando
Do tempo a fúria perdura
Na busca da verdade eu ando
Buscando o remédio que dê cura
Antonius
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
RELANCE NA MADRUGADA
Vai alta a noite e o luar inunda as paredes azul anil do meu quarto. Óbvia sombra vai conquistando a parede do meu lado. É que do outro lado da minha cama, percorrido o lençol pela minha mão tacteante não encontra as teclas da cor do mel que cobriam o teu corpo ondulante, de quando em quando, sempre, vibrando no frémito do amor que outrora ambos conhecíamos, vivíamos, nos engolfava corpo com corpo, alma com alma, até ao êxtase, e repousando na merecida serenidade.
Enquanto assim vivo na lembrança, a sombra avança na parede do meu lado, que do outro lado não há ninguém. Ausência em cicatriz, num gesto violento arremesso o lençol que me cobre e a cobriria a ela, se ela houvesse e assomo num lanço à janela. Atiro os meus pensamentos ao largo num esforço de reformular os meus caminhos desta noite, tento aperceber-me de coisas novas, de algo por descobrir. Nesta noite fujo por medo do amor de nele centrar o meu pensar. Ergo o meu olhar e olho as estrelas e revejo a lua e noto que esta desde que há pouco acordei, andou, prosseguiu a sua rota, porventura rota milenar. As estrelas mudaram de sítio, a folhagem remexe. O dique o meu cão ladrou e deu uma corrida pelo quintal. Algo chamou a sua atenção que não a minha. Quer dizer que muita coisa mudou de sítio. Concluo que durante este pequeno espaço de tempo, justamente aconteceu tempo, o tempo andou. E o tempo andou porque as coisas mudaram de sítio, porque o cão correu, porque as folhas mexeram, porque ouvi já o canto de um cuco madrugador, porque a lua percorreu um espaço da esfera celeste. Neste pouco tempo aconteceu tempo. Mas eu tenho pressa em que o tempo aconteça e altere os meus dias, sobretudo as minhas noites e me dê oportunidade de estender o meu braço e encontrar as preciosas colinas, o delicioso fundego, o inenarrável encantamento da mulher que quero voltar a ter envolta em mim enlaçando-me, com quem preciosa harpa execute a mais bela melodia, o mais assombroso concerto.
Enquanto assim vivo na lembrança, a sombra avança na parede do meu lado, que do outro lado não há ninguém. Ausência em cicatriz, num gesto violento arremesso o lençol que me cobre e a cobriria a ela, se ela houvesse e assomo num lanço à janela. Atiro os meus pensamentos ao largo num esforço de reformular os meus caminhos desta noite, tento aperceber-me de coisas novas, de algo por descobrir. Nesta noite fujo por medo do amor de nele centrar o meu pensar. Ergo o meu olhar e olho as estrelas e revejo a lua e noto que esta desde que há pouco acordei, andou, prosseguiu a sua rota, porventura rota milenar. As estrelas mudaram de sítio, a folhagem remexe. O dique o meu cão ladrou e deu uma corrida pelo quintal. Algo chamou a sua atenção que não a minha. Quer dizer que muita coisa mudou de sítio. Concluo que durante este pequeno espaço de tempo, justamente aconteceu tempo, o tempo andou. E o tempo andou porque as coisas mudaram de sítio, porque o cão correu, porque as folhas mexeram, porque ouvi já o canto de um cuco madrugador, porque a lua percorreu um espaço da esfera celeste. Neste pouco tempo aconteceu tempo. Mas eu tenho pressa em que o tempo aconteça e altere os meus dias, sobretudo as minhas noites e me dê oportunidade de estender o meu braço e encontrar as preciosas colinas, o delicioso fundego, o inenarrável encantamento da mulher que quero voltar a ter envolta em mim enlaçando-me, com quem preciosa harpa execute a mais bela melodia, o mais assombroso concerto.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Perscrutando o Nirvana
Às vezes sinto-me no cume do Nirvana, ao limite do prescrito para o poder de ascender do homem. Nessas alturas infinitas estendo o olhar que se alarga para além das estrelas e se esgota na via láctea, por ventura em similar nebulosa.
Penso ter atingido o cósmico termo, mas algo me diz que esse termo não é mais do que um principio de uma nova jornada para o sem-fim do espaço. Recuo o meu olhar com algum desalento, regressando às alturas do outrora sonhado Nirvana. Atiro desta feita o meu olhar para as profundezas que se revestem de um manto da cor da neve. Lá longe, mas não tão longe como a rota das estrelas, eu vislumbro os prados verdes, lá no fundo, onde nascem as montanhas, onde foi semeado e brotou o núcleo do ansiado cume onde me imagino neste instante que passa.
Do cume deste Nirvana há muito sonhado mas só agora alcançado, domino o universo na esfera que o meu sentir constrói. Se esse mundo que a minha razão não entende me deslumbra e apela para a minha inteligência e me faz mergulhar na frescura da pradaria que atapeta a base da minha montanha e se cobre de lírios e da urze do monte, neste instante e num repente desço às alturas que são as minhas, ao mundo que é o meu e que abarco com os olhos com que a natureza me dotou. É que o êxtase teria que ter um fim.
Imperativo era regressar ao meu sitio e à minha condição de mera criatura humana.
Na simplicidade deste sitio há também grandeza e, bem vistas as coisas, há razões de encantamento. Aqui nesta pradaria neste pequeno grande mundo está deposto um passado que não tem preço, o meu passado, aqueles que, uns após outros levaram à construção daquele que, insignificante embora, hoje sou.
Chega até mim uma harmonia que me enche os olhos me impregna a alma e me apura os sentidos. Essa harmonia chega-me de um passado remoto, atravessa o tempo, realiza o maravilhoso que se me depara. Mas tudo se converte em melodia, em música, que não é para ser vista por os meus olhos , mas os meus ouvidos escutam e o meu sentir estremece e lágrimas me assomam aos olhos.
Neste instante, sim neste instante, estranha contradição, é-me dada a consciência da grandeza que mora na minha pessoa, na pessoa de cada criatura. Sinto-me mergulhado na mais funda das emoções.
Penso ter atingido o cósmico termo, mas algo me diz que esse termo não é mais do que um principio de uma nova jornada para o sem-fim do espaço. Recuo o meu olhar com algum desalento, regressando às alturas do outrora sonhado Nirvana. Atiro desta feita o meu olhar para as profundezas que se revestem de um manto da cor da neve. Lá longe, mas não tão longe como a rota das estrelas, eu vislumbro os prados verdes, lá no fundo, onde nascem as montanhas, onde foi semeado e brotou o núcleo do ansiado cume onde me imagino neste instante que passa.
Do cume deste Nirvana há muito sonhado mas só agora alcançado, domino o universo na esfera que o meu sentir constrói. Se esse mundo que a minha razão não entende me deslumbra e apela para a minha inteligência e me faz mergulhar na frescura da pradaria que atapeta a base da minha montanha e se cobre de lírios e da urze do monte, neste instante e num repente desço às alturas que são as minhas, ao mundo que é o meu e que abarco com os olhos com que a natureza me dotou. É que o êxtase teria que ter um fim.
Imperativo era regressar ao meu sitio e à minha condição de mera criatura humana.
Na simplicidade deste sitio há também grandeza e, bem vistas as coisas, há razões de encantamento. Aqui nesta pradaria neste pequeno grande mundo está deposto um passado que não tem preço, o meu passado, aqueles que, uns após outros levaram à construção daquele que, insignificante embora, hoje sou.
Chega até mim uma harmonia que me enche os olhos me impregna a alma e me apura os sentidos. Essa harmonia chega-me de um passado remoto, atravessa o tempo, realiza o maravilhoso que se me depara. Mas tudo se converte em melodia, em música, que não é para ser vista por os meus olhos , mas os meus ouvidos escutam e o meu sentir estremece e lágrimas me assomam aos olhos.
Neste instante, sim neste instante, estranha contradição, é-me dada a consciência da grandeza que mora na minha pessoa, na pessoa de cada criatura. Sinto-me mergulhado na mais funda das emoções.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
A Beleza no Feminino
És a Lira que desde sempre almejo
As cordas dedilhando em delírio
És Oboé, violino, sonhado Beijo
Dos jardins da minha música eterno hino
És compasso, canção és melodia
Egrégio fazedor de nobres artes
No teu génio fiel a alegoria
Nas mãos a sabedoria de Descartes
Em tuas cordas a mais bela sinfonia
Executo entre incrédulo e surpreso
Sentir teus acordes é pura magia
É sentir o amor em fogo, aceso
Olhar-te é ver claro obra acabada
É ver da mulher símbolo perfeito
É sentir que acima não há mais nada
Que o belo a fazer está já feito
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Hoje Cruzei-me Comigo
Todos os dias passo por mim, mas nunca me olho. Decerto porque estou cansado de me conhecer, quiçá cansado de mim.
Hoje dei comigo olhos nos olhos e não sei que força me travou o passo. Mas parei e olhei-me e surpreendi-me comigo mesmo. De repente, quase tive dúvidas se era eu que estava ali na minha frente, mas logo vi que era.
Há traços, há curvas, diáfanos e imperceptíveis desenhos num rosto que o tempo não logrou desvanecer. Agora tudo é claro, apesar das remotas e profundas marcas do tempo. Marcas que neste instante não vejo, mas estarem vivas em mim, profundas e inapagáveis.
Naquele eu que está na minha frente, está esse outro eu de há muito, que tenho desconsiderado com a minha indiferença. Nesta hora, estou a gostar de me ver ainda não toldado pelas ditas e inexoráveis marcas. Só não gosto do meu cabelo. Tem a risca ao meio num rasgo quase simétrico, a conferir-me um ar que voga pelas bandas do caricato. Não, não gosto do meu penteado desse eu que tenho na minha frente. Mas estou a gostar de me ver, porque olhando-me desde aquele tempo, vejo toda uma vida transbordar de coisas, de acontecimentos, sentimentos, emoções. Eia, tanta coisa se passou comigo neste longo entretanto. Conheci horas felizes, mas conheci a amargura sem limites. Conheci a amizade mas acima de tudo cruzei-me e senti-me devorado pelo amor.
Acho que pela primeira vez e neste preciso instante, tenho consciência do que é o tempo, do que ele faz em nós, da oportunidade que ele nos dá de vivermos, afinal, daquilo que é estar-se vivo, isto é desfrutar da luz da janela da vida.
sábado, 1 de janeiro de 2011
DIA ÚNICO
SALVÉ O DIA 30/12/2010
Dia Único
Não foi no tempo das colheitas, em Setembro
Que a tua vida deu ao tempo esplendor
Foi o mês dos cumes brancos, foi Dezembro
Nascido no presépio, feito Amor
Não foi no tempo da ridente mimosa
Sob a sanha do calor estival
Mas no tempo da neve esplendorosa
Essa quadra única que é Natal
Bem digo hoje esse dia distante
Em que teu ser aportou da vida ao cais
És pátria formosa, és galante
Por sorte da minha vida o arrais
Fruto sumarento de um pomar
Do Éden feito matriz inspirada
Prendado ao sentir-te assomar
À janela do meu tempo, mulher amada
Antonius
PS.: Poema dedicado a Olema, pelo seu aniversário
Dia Único
Não foi no tempo das colheitas, em Setembro
Que a tua vida deu ao tempo esplendor
Foi o mês dos cumes brancos, foi Dezembro
Nascido no presépio, feito Amor
Não foi no tempo da ridente mimosa
Sob a sanha do calor estival
Mas no tempo da neve esplendorosa
Essa quadra única que é Natal
Bem digo hoje esse dia distante
Em que teu ser aportou da vida ao cais
És pátria formosa, és galante
Por sorte da minha vida o arrais
Fruto sumarento de um pomar
Do Éden feito matriz inspirada
Prendado ao sentir-te assomar
À janela do meu tempo, mulher amada
Antonius
PS.: Poema dedicado a Olema, pelo seu aniversário
Construamos o Futuro
CONSTRUAMOS O FUTURO
Um ano se passou arrepiante
Patente nele a turbulência
De mãos dadas caminhemos avante
Mortal não será do tempo a inclemência
Lugar para o medo não se consente
De coragem investido o caminhar
Não é a besta nos homens latente
Que vai altos sonhos aviltar
De angústia o tempo que decorre
Não nos deixemos por ele soçobrar
A força do homem de honra não morre
Porque o bom senso, esse há-de imperar
Mas há muros que travam o passo
Obstáculos que urge derrubar
Do lídimo caminhar o embaraço
Pontes que é tempo de lançar
Endeusado vemos o dinheiro
Indomada fonte de corrupção
Basta de ver nele o intuito primeiro
Motivo para muitos da falta do pão
Não seja tempo avaro o que vivemos
Que em riste pode ser posta a lança
Avante firmemente caminhemos
Que o futuro tem de ser de Esperança
Antonius
Um ano se passou arrepiante
Patente nele a turbulência
De mãos dadas caminhemos avante
Mortal não será do tempo a inclemência
Lugar para o medo não se consente
De coragem investido o caminhar
Não é a besta nos homens latente
Que vai altos sonhos aviltar
De angústia o tempo que decorre
Não nos deixemos por ele soçobrar
A força do homem de honra não morre
Porque o bom senso, esse há-de imperar
Mas há muros que travam o passo
Obstáculos que urge derrubar
Do lídimo caminhar o embaraço
Pontes que é tempo de lançar
Endeusado vemos o dinheiro
Indomada fonte de corrupção
Basta de ver nele o intuito primeiro
Motivo para muitos da falta do pão
Não seja tempo avaro o que vivemos
Que em riste pode ser posta a lança
Avante firmemente caminhemos
Que o futuro tem de ser de Esperança
Antonius
Subscrever:
Mensagens (Atom)