MERGULHO INTROSPECTIVO
Às vezes preciso de ir ao fundo de mim, apesar de antemão saber que nunca logro esse objectivo. A dada altura uma estranha névoa estorva-me de ver. Mas o mergulho ai vai, empurrado por uma rajada de confiança em mim.
Ao fim e ao cabo eu quero respostas, as definitivas e, com a névoa na minha frente, o mais profundo que consigo descortinar mora entre Deus e o Absurdo. Via de regra esbarro com uma corda bamba: se Deus existe, repulsa-me o Absurdo; se não existe, tolero-o.
Se o Absurdo se me evidência esvai-se-me a percepção de Deus. Feitas as contas, ou Deus ou o Absurdo.
Mas se o Absurdo existe, na minha cabeça não cabe Deus. Mas com ou sem absurdo, apesar de tudo, Deus impõem-se-me, e vivencia-se-me.
Apesar do Absurdo que possa estorvar-me de apreender Deus, aí eu não estou com contemplações. Impõem-se-me definitivamente mais a necessidade de Deus do que o absurdo do Absurdo.
Rajada pretensamente introspectiva, com pleno respeito por quem pense de forma diversa.
Lucius Antonius
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