O PESO DAS PALAVRAS
Com palavras me expresso
Com palavras digo o que sinto
Às vezes o que não sinto
Com palavras às vezes minto
Porque se disser que não minto, minto
Com palavras digo quem sou
Com elas vou às profundas de mim
Interpelando a minha verdade
Ao recôndito de mim me apresto
Na palavra que pode não ser
Mais do que coisa pensada.
Com algum talento ou sem ele tratada
Que ninguém me diga
Que a palavra é inócua
Porque é indolor e não tem gosto.
A palavra muitas vezes cura
Ela é sadia, oportuna, ela é amorosa
Portadora do bem-querer, da amizade
Da alegria e da verdade
Mas a palavra pode ser rotundamente venal
E se fisicamente não provoca dor
Ela muitas vezes fere, faz mal
Vergasta a alma, faz sangue
A palavra às vezes é mortal
As palavras, não as leva o vento.
Porque é o espírito que as dita
Deveriam ser de mansidão
Mas nem sempre o bom senso as inspira
É que quando insidiosas
Elas não são mais do que
A lava rubra, escaldante, de um vulcão.
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