O natal é saudade
Júbilo de remota infância
De que o tempo
Esse fazedor de lembranças
Se fez inusitado portador.
Exorcizando os meus temores
Na velha cozinha ouso entrar
E dos sessenta anos decorridos
Chegam até mim inefáveis
Natalícios odores
Enquanto na lareira o fogo crepita
A chaminé é a do menino Jesus
Que há muito, abusivo,
O pai natal do seu trono depôs
O presépio adivinho-o no mesmo sitio de outrora
Ouço as vozes de antigamente
Sinto o natal no recôndito da alma
Naquilo que passou, naqueles que já não estão
Vertigem é este terno sentir
Que a verdade que de mim se apodera
Não passa hoje de quimera
De frenesi, consumidor bulício
Perdeu o espírito, coisificou-se
Será que entretanto o homem cresceu
Para que ainda haja Natal?
Antonius
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