...Eu sou o meu amanhã somado ao tempo que me ficou para traz.
Eu sou aquele pedaço de mim que sobrou na voragem dos indecifráveis vermes que moram por dentro do meu ser. Sobretudo sou aquela franja de amor que sobrou do infinito amor que desfiz em ti. Ao ser isto sou coisa que já valeu a pena, areia do deserto gota de matinal orvalho, letal vírus por desventura, sopro de vida, mas também inalação do cheiro de violeta vindo de ti, porque de ti exumado, do teu corpo de sereia nascido de um sonho que prometeu e foi fecundo e ainda que moribundo um novo Perseu deu à luz.
Rendo-me a ti, aos teus encantos, ao teu deslumbre, à tua graça, ao teu sorriso, à doce criatura que sei que és, ao teu norte, à elegância do teu porte, inelutávelmente àquilo, aquela, que me foi dada em sorte. Há tempos de privilégio.
Antonius
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