Subi a árvore da vida e a vida passei a vê-la de cima. Pareceu-me sem medidas tentadora não lhe vislumbrando o fim. Abrem-se-me as portas da ilusão que no férreo rugido dos gonzos matou o tempo. Morto o tempo, um tempo sem fim se escapa em vertigem dos meus olhos de lince. Sem prévio aviso e num instante a árvore agiganta-se e converte-se em altissimo penhasco de onde escorrem as águas que inundam de vida a vida, que no meu ver minguado na lucidez pelas alturas eterniza o tempo que já só me habita a mente. Na medida em que o penhasco se eleva e se afasta da copa da original árvore o orgulho me rói as entranhas e me faz ébrio e portentoso. Quando deslumbrado com a ciência que vai em mim e o infinito que os meus olhos alcançam inusitado pardalejo em voo picado mas de vertigem feito desequilibra a minha criatura quase omnipotente. Caio na sua rota e deslizo na mesma vertigem. Enquanto ele afoito se esquiva das pedras do caminho eu me estatelo moribundo em parcas areias desse mundo sem medidas que prometera ser meu. Morri e não renasci. Concedido me foi um instante para sentir a imprudência a que me entreguei.
Antonius
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