Pensamento...

A vida é uma janela que se abre no sem fim do Tempo.

domingo, 24 de outubro de 2010

É sempre tempo

É sempre tempo

Por entre a multidão eu procurava
Alma gémea inscrita no meu caminho
Na ânsia do meu querer eu buscava
De entre a flor silvestre o azevinho

Desde a aurora impaciente eu estendia
Meu olhar perscrutador apaixonado
Esforçava-me por ver longe mas não via
Que tal privilegio me era vedado

Incógnita criatura eu sei que eras
Avara em te dares a conhecer
Que não te arriscarias em quimeras
Que eras Sol que brilha sem se ver

Gritava dentro de mim a vaga esperança
De algum dia o milagre acontecer
Como se o luzir de etérea lança
Operasse os olhos de um cego ver

Inusitado à hora do poente
Num tempo que o é de entardecer
O sol em arrebol eloquente
Parece algo ter para dizer

Dos confins do tempo até mim chegaram
Acordes de bem trinada lira
A quererem dizer-me que se quedaram
Do meu amor os requebros da safira

Suma decepção de mim se apodera
Que o mal se anuncie em sons inebriantes
Para a quadratura ousada da esfera
Não há das aves chilreios galantes

Na desdita guiando os meus passos
O destino entregue à minha sorte
Despeço da minha vida os laços
Que sem amor me torno sopro de morte

Mas breve é o tempo da cerração
Fugaz a hora da negritude
Que ao longe se anuncia outra canção
Essa que tem por solo o alaúde

Assim da negra desesperança
Não quis eu nunca fazer guarida
Com as estrelas selei minha aliança
Levando o meu fracasso de vencida

Antonius

Sem comentários:

Enviar um comentário